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Não, ele não está de volta

  • Writer: Denis Carvalho
    Denis Carvalho
  • Mar 17, 2023
  • 4 min read

Updated: Mar 21, 2023


Eu realmente não poderia começar esse blog de forma diferente. Tinha planejado tantas outras formas, falando de outras obras para iniciar os trabalhos, mas a sincronia com o Universo prevaleceu.


Aliás, eu até achava que ele estava conspirando contra ! Desde a primeira menção, a primeira cena que vi de A Baleia meses atrás, já estava na expectativa, ansioso. Quando finalmente chegou em cartaz, parecia que eu nunca iria conseguir. Sempre acontecia alguma coisa. Até que na véspera da data marcada para colocar o blog no ar, lá estava eu na sala do cinema.


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A primeira coisa que acredito ser necessária de se constatar, é que Brendan Fraser não está de volta, como muita gente diz. Essa narrativa é injusta em diversos aspectos. É uma manchete preguiçosa, quando após uma busca rápida no IMDB (Internet Movie Database), é possível verificar que de 1991 - quando iniciou sua carreira - até agora em 2023, ele não ficou um ano sequer sem trabalhar na indústria cinematográfica. Mesmo que em 2017 participou apenas de 1 episódio de Nightcap, em 2013 esteve em 5 filmes, o que é absolutamente natural nos altos e baixos do segmento. Como então dizer que alguém está de volta, sem nunca ter realmente ido? Por que fazer isso?


Talvez a sensação de presença de Hollywood seja validada nos cartazes de blockbusters, aparecimento em nomeações de premiações questionáveis ou na validação da elite da indústria comandada até pouco tempo por figuras como Harvey Weinstein e que ainda tem uma longa caminhada de evolução pela frente.


As mudanças nos formatos de premiações e a autocrítica da meca do cinema nunca se fizeram tão presentes e necessárias. “Mesmo o pior cinema, continua, apesar de tudo, a ser cinema”, já dizia Edgar Morin. Invalidar a presença de Fraser em todo esse tempo na indústria só por não fazer parte da roda de poker do clubinho dos mais poderosos e estrelando grandes produções é, no mínimo, um erro lamentável. Mas essa narrativa serve a alguém. Alguéns. Tanto dentro quanto fora do cinema. Em tudo, todo lugar, ao mesmo tempo (não resisti). Quem sabe um dia...


E, não por coincidência do destino, é uma narrativa totalmente relacionável com o filme, se estiver disponível para olhar para ela. A luta de Charlie – personagem de Fraser – para se provar interessado em estar presente na vida da filha Ellie – interpretada brilhantemente por Sadie Sink, de Stranger Things -, é dolorosa. Ele sabe o que fez. Ela sabe o que ele fez. Todos sabem. E mesmo que todos tenham saído machucados na história, a luta para abrir mão do seu ponto de vista que retroalimenta a sua dor de forma totalmente justificável, encontra em Charlie uma barreira quase que intransponível. Não que seja uma disputa, mas como ele, que talvez seja o que mais perdeu em toda essa história, continua sendo aquele que tem o pensamento mais positivo e esperançoso?


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É cinematograficamente emocionante – e quase que fundamental – se entregar um clímax de redenção quando se narra uma história dessa temática. Porém, o que fica pra mim, relacionando a arte que imita a vida e a vida que imita a arte, é que ao nos compadecermos da dor de cada personagem a partir da consequência dos atos de terceiros, não é a todo momento da vida que teremos a oportunidade de confrontar nossos antagonistas em um duelo corajoso, sensível, com a redenção entregue ao final. Sendo assim, vale esperar? Deixar na mão de outras pessoas, que sabemos que foram injustas conosco, a procura satisfatória pelo pedido de desculpas merecido para que possamos seguir em frente?


Não que eu já não tivesse refletido sobre, mas é isso o que o cinema faz com a gente. É nisso que uma história bem contada e desenhada na tela é capaz de mexer. É isso o que a oportunidade de entregar uma atuação merecedora de um Oscar é capaz proporcionar (eu que já tinha uma memória afetiva de Fraser desde George of the Jungle, imagina como foi a minha torcida!). É tudo isso o que o diretor Darren Aronofsky entregou em um filme intimista, adaptado de uma peça teatral, dando uma aula do quão profundo podemos mergulhar nas camadas dos personagens se nos focarmos no simples.


O caminho de volta para casa foi catártico, pra variar. Não preciso cavar muito fundo para tentar criar um laço de empatia com o protagonista sobre a dor de perder alguém muito próximo e o impacto que isso tem e sobre menosprezar a importância de sua própria vida para alguém (essa frase foi difícil até de escrever). Afinal, por que alguém iria me querer na sua vida, se já não há tantos exemplos que mostram o contrário?


Mas, mesmo com toda a merda que se encontra na vida de Charlie, a presença e as discussões são apenas sinais de que essas pessoas estão conectadas, que o amam de um jeito ou de outro, com toda a dor envolvida e compartilhada. E por que alguém deixaria de me amar também com as merdas na minha vida, se já não há tantos exemplos que mostram o contrário?


Então, Charlie, atendendo a pedidos, escrevi aqui algo com a mais profunda sinceridade que poderia entregar.


E para Kate, que me pediu uma indicação de filme enquanto eu estava na fila do cinema para entrar na sessão, preciso falar mais alguma coisa?

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Sobre mim

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Denis Carvalho é roteirista, diretor e produtor. Agora, aparentemente, virou blogueirinho de crônicas engraçadinhas e brisas filosóficas questionáveis sobre os filmes e séries que incansavelmente assiste.

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