Eu também amo a Lucy... e Sorkin!
- Denis Carvalho

- Apr 3, 2023
- 3 min read
Updated: Apr 5, 2023

Nunca imaginei que choraria de felicidade por um cubano, com ajuda do FBI, provar que uma mulher forte, inteligente, talentosa e empoderada, não é comunista. Ah, Sorkin...
Deixando de lado a vergonha que também sinto nesse mix de emoções pós-créditos por ter há anos na minha coleção 2 box de temporadas de I Love Lucy e não ter maratonado nem 10% ainda, Being the Ricardos (tem título traduzido?) é completo. Bom, pelo menos pra mim (ok, vou maratonar os DVDs o quanto antes).
Não que seja um easter egg, pois poderia ser apenas uma referência óbvia que apenas eu que não sabia, mas a recorrência de Desi Arnaz – interpretado brilhantemente por Javier Barden, com direito a indicação ao Oscar de Melhor Ator – em cantar e se referir a música Cuban Pete, que foi popularizada realmente por Desi em 1946, de imediato já me puxa da memória a antológica cena de Jim Carrey interpretando-a no Coco Bongo em O Máskara. Pra vocês terem ideia do tanto que bateu aqui, eu nem precisei pesquisar o nome do clube do filme (tem alguém lendo isso?).
Isso porque o Máskara foi o primeiro filme fora da prateleira infantil que eu assisti no cinema e, consequentemente, Jim Carrey o primeiro ator e comediante que me encantou... mas essa história eu deixo pra outro dia, já estava querendo reassistir esse clássico do nosso amigo de cara verde mesmo!
E essa cena já foi logo no começo do filme! Ainda tava comendo meu pedaço de pizza de pepperoni quando a performance começou... Dá pra ficar melhor? Claro! Eu ficou!
Nicole Kidman, minha eterna crush de Moulin Rouge e constrangedora história amorosa de Jimmy Fallon, prova que timing de comédia não se perde com o tempo. Aliás, só melhora. Além de ser um dos pontos de conflito da trama, ela entrega tudo. Drama, comédia, o que você quiser! A cada cena, a cada beat. Um afago na alma de quem, assim como eu, é aficionado para saber os bastidores das produções e os processos criativos daqueles que botamos em cima do pedestal. Indicação ao Oscar de Melhor Atriz mais do que justa também.
Mas não adianta. Desde pequeno, mas especialmente de alguns anos pra cá, além dos créditos dos atores principais, do diretor, me instiga saber também quem escreve, quem roteiriza essas histórias que a gente vai ver. E a cada vez que eu leio uma citação ou assisto uma entrevista de alguém que diz que tudo o que importa é a história e como você a entrega, que a base da existência do ser humano é storytelling, assistir uma obra escrita (e essa dirigida também!) por Aaron Sorkin é uma aula.
Eu já perdi as contas de quantas vezes assisti The Newsroom completo. Tendo baseado a minha formação em comédia muito por assistir Saturday Night Live quase que todas as noites quando ia ao ar na Sony, tive que acompanhar Studio 60 in the Sunset Strip com a moderação de alguém que está tentando parar de fumar. Ok, eu não fumo, mas vocês entenderam (ainda tem alguém aqui?). Eu entendo o porquê da NBC não renovar para mais temporadas, então tinha que assistir com calma para não gastar tudo de uma vez.
Eu juro que um dia eu estava numa aula de um curso de roteiro e quase abri o microfone pra xin... não, eu não ia xingar – provavelmente ia – o professor que teve a audácia de criticar Sorkin e dizer que ele é muito superestimado. Eu continuei tão entusiasmado com os ensinamentos desse cara depois disso, que não me lembro o nome dele, o nome do curso e qualquer outra coisa relevante que ele tenha dito, mas isso me impactou. Ninguém fala mal de Sorkin, not on my watch!
Por fim, as tramas desse roteirista são notavelmente tão bem costuradas, tão complexas e simples ao mesmo tempo, que me dá a sensação de que ele é um gênio, mas ao mesmo tempo, que eu também consigo fazer isso. Requer prática. Dedicação. E prática leva a perfeição? Não. Leva a melhora. E falar que alguém não é dedicado escrevendo às 1h35 da manhã, em uma madrugada de sábado para domingo, é sacanagem, né?
Aliás! Sacanagem é o cara desenrolar uma história tão boa, que eu só percebi que estava torcendo para a protagonista não ser comunista na hora que eu já estava chorando de emoção com os aplausos no clímax da história. Seu manipuladorzinho de emoções!
E ainda teve tempo para mais uma reviravolta com aquela agridoce arma de Tchekov no final.
Ah... I love Lucy. And Sorkin. Desi not so much right now.
















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